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sábado, 25 de março de 2017

O VOO DA ÁGUIA


Muitas vezes nos perguntamos: Quem somos nós? Qual o nosso limite? Até onde podemos chegar?

Existe o segmento dos inconformados. Se enxergam como pessoas capazes, se veem em pé de igualdade com todo e qualquer semelhante.

No entanto se incomodam com aqueles que conseguem alçar voos mais altos, enquanto eles conseguem apenas voos pequenos e rasteiros, não conseguindo sair daquele pequeno espaço que habitaram a vida inteira.

Tal incômodo leva ao inconformismo, que leva à revolta, e ao invés de atentarem para as causas que os levam a permanecer inertes no seu desenvolvimento, e as que levaram o seu semelhante a chegar mais longe, preferem apenas fixar-se nos efeitos de suas frustrações e nas conquistas alheias, aumentando ainda mais a sua insatisfação.

Em textos anteriores mostramos como podemos tirar grandes lições de episódios históricos.

No entanto as fábulas também podem nos levar a reflexões profundas como nesta obra de Leonardo Boff cujo resumo segue abaixo:

Nesta parábola é contada a história de um camponês que encontrou um filhote de águia e resolveu mantê-lo em cativeiro, sendo que o mesmo foi criado no galinheiro junto às galinhas, inclusive comendo milho e a mesma ração delas.

Anos depois recebe a visita de um naturalista que observa:


“– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia
– De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.”



Inconformado o naturalista resolve por o pássaro à prova e erguendo-a ordena que voe, que assuma sua natureza, entretanto a águia pousa em seu braço olha para o lado vê as galinhas ciscando e pula para junto delas.

Mesmo com o sorriso irônico do camponês, o naturalista não se dá por vencido e no dia seguinte sobe com a águia no teto da casa e ordena que voe.

Mais uma vez ao ver as galinhas ciscando no chão a águia pula para junto delas.

O camponês tenta convence-lo de que a tentativa de faze-la voar é inútil, a águia não existe mais, apenas mais uma galinha.

Ainda assim o naturalista não se entrega e resolve tentar uma última vez.

No dia seguinte bem cedo o naturalista e o camponês pegam a águia e a levam para o alto da montanha.

O naturalista ergue-a bem alto e ordena-lhe:

“_ Águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe.”

Insegura a águia olha ao seu redor e não voa.

O naturalista então segura-a na direção do sol, fazendo-a se inebriar com o calor e a força da luz solar e vislumbrar a vastidão do horizonte.

Nesse momento ela estende suas asas, grasna o som típico das águias e voa para o alto soberana e majestosa como assim determinara a sua natureza.

Analisemos as palavras do naturalista ao dizer que a águia pertence ao céu e não a terra; poderemos então fazer uma analogia em relação a nós mesmos.

Não pertencemos ao meio que vivemos, sequer pertencemos ao lugar onde nascemos, pertencemos ao Universo.

O que impedia a águia de alçar voo à imensidão do céu para qual havia nascido era o medo e a crença de que estava limitada ao espaço que lhe foi dado e se enxergar apenas como mais um daquele meio.

Da mesma forma muitos indivíduos se acham limitados ao meio em que vivem, fadados a viver da forma como foram criados e com capacidade apenas para voos rasteiros.

No momento em que a águia sentiu toda a energia do sol e pôde contemplar de uma altura onde jamais estivera toda a grandeza do firmamento, sentiu-se parte de tudo aquilo despertando em si todo o potencial e pôde alçar o voo mais alto.



Assim quando temos a oportunidade de apreciar de alguma forma a grandiosidade do Todo, não somos meros espectadores, somos parte de toda aquela grandeza, um elemento único, um ponto fundamental naquela imagem.

Ao nos deixarmos envolver por sua visão majestosa ou por um sentimento de mesma magnitude e devolvermos aquela sensação com a mesma intensidade do nosso interior para o exterior, despertamos a águia adormecida que existe em cada um de nós.

Não estamos condenados a determinado espaço, nem a determinado viver.

Nossa sina não é o voo rasteiro, nossa natureza universal nos chama para o voo imponente, alto e soberano.

Escute-a com a voz da razão, acompanhe-a com coragem, disciplina e determinação e prepare-se:


A ÁGUIA ESTÁ VOANDO!

Fernando Vaz

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