As lembranças fazem parte
do viver de cada um. Em qualquer ato do nosso dia o passado lá está fazendo
comparações, servindo às vezes de consulta, às vezes de lamento por algo que
não fazemos mais ou algo que deixamos de fazer.
É perfeitamente válido consultar
nossos arquivos mentais, buscar dados em situações já acontecidas que possam
servir de parâmetros para que não venhamos a repetir os mesmos erros ou
possamos aperfeiçoar com os conhecimentos de hoje atos bem sucedidos.
Também é bem vinda a doce
lembrança do acontecimento marcante que nos faz bendizer a vida e resgatar o
frescor daquele sentimento agradável por estar revivendo aquele bom momento.
O problema maior é quando
o indivíduo vive em função do já acontecido, ou pior do que poderia ser o seu
viver se tivesse agido de forma diferente em algum momento do passado.
Sem se dar com na maioria
das vezes essas pessoas que vivem no futuro de pretérito (eu poderia, eu deveria, como seria se...) acabam até mesmo por
planejar como seria a sua vida com a tal mudança naquele chamado segundo decisivo.
Aprisionam e confundem a
sua mente formulando até cenas desse viver paralelo, enquanto o tempo
transcorre sem clemência e o presente se apresenta pronto para criar
expectativas que poderiam se converter em novas lembranças agradáveis e
arquivos mentais valiosos, mas a mente está ocupada com o que poderia ser e não foi.
O tal segundo decisivo que poderia fazer a diferença caso fosse mudado
nada mais é do que uma válvula de escape que alguns usam para justificar suas
frustrações e encobrir seus receios de se abrir a novos horizontes pelo temor
de novos insucessos.
O mundo é dinâmico, o
nosso viver representa um leque infinito de expectativas e situações, sendo
inconcebível que em toda essa amplitude exista apenas um momento decisivo.
Pelo contrário, os segundos decisivos acontecem a todo o
momento, mas se estamos focados constantemente no retrovisor, não só não
enxergamos com a devida nitidez o que está a nossa frente, como corremos um
sério risco de colidir com o nosso presente e comprometer o nosso futuro.
Não podemos contar com uma
máquina do tempo para mudar o que já aconteceu e alterar o curso da história,
mas possuímos uma arma tão ou mais poderosa que é a capacidade de nossa mente
em reeditar cenas passadas que nos machucam, amenizando o emocional e
apresentando-as de uma forma prática e consciente, alterando dessa forma o
curso temporal de agora para adiante.
Nossa mente não é um
videoteipe, nossa mente é uma força criativa com recursos ilimitados.
Vale dizer que as imagens
de acontecimentos passados não se apresentam em nossa mente da forma exata como
aconteceram e sim da forma como os sentimos.
Portanto, podemos dizer
que temos sim o poder de mudar o passado, não o acontecimento em si mas a forma
como seu registro chega até nós e os sentimentos que desperta.
A ficção nos diverte, a
realidade nos desafia, quando o agora
vem nos cobrar uma posição, tal qual um projetor de cinema nossa mente projeta
cenas como que antevendo o nosso desempenho a partir daquele instante.
AQUELE É O MOMENTO, se
buscarmos de novo aquele personagem “que
deveria ter sido” criaremos mais uma cena fantasiosa, deixaremos passar a
oportunidade de por em ação toda a força de nossa personalidade presente.
No entanto se fizermos com
que prevaleça o que realmente somos, que representa a junção do que aprendemos
com o que buscamos, as cenas mentalizadas serão claras e objetivas, será o eu real não propriamente o físico mas
algo maior, alguém calejado pelas dificuldades mas fortalecido pelo riquíssimo
banco de dados de suas experiências e pelo reconhecimento e uso de sua
capacidade de se reinventar a cada dia.
Lembre-se o segundo decisivo está ocorrendo neste
momento, e a escolha é manter-se no que “poderia
ser” ou se direcionar para o que é, o que quer e o que decide.
LIBERTE-SE, aquele
indivíduo que você visualiza nas cenas em que sua mente cria a tal realidade alternativa em que “tudo seria diferente” se tivesse
escolhido outro caminho não é você, é uma caricatura de si mesmo, é um personagem mais fraco e alienado.
Ele não tem a sua
experiência acumulada a partir de momentos agradáveis ou não, que devidamente
utilizada o faz crescer como pessoa e nem o condão de desafiar o ponto fora da
curva, que pode tira-lo momentaneamente de seu eixo, mas não de seu espaço este
lhe pertence e cabe somente a si fazer valer a sua posse, prevalecer a sua
vontade e retomar o seu curso retilíneo a caminho de seu desenvolvimento e sua auto
realização.
Fernando Vaz
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